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sexta-feira, abril 28, 2006

Imigrante português faz sucesso com fumeiros no Brasil



Pelas mãos de José da Fonseca, vários portugueses radicados no Brasil estão a ter a oportunidade de reviver uma das mais típicas tradições gastronómicas da sua terra natal.

Através de um processo caseiro, cheio de segredos, e debaixo do intenso calor do Rio de Janeiro, este português, de 75 anos, produz salpicões, alheiras e chouriços. Os principais consumidores desses enchidos são, para além de muitos brasileiros, portugueses, mas, também, luso-descendentes, que acabam por conhecer a tradição da terra dos seus pais de uma maneira bem saborosa.

Natural de Cetos, no concelho de Castro Daire, no distrito de Viseu, José da Fonseca vive no Rio de Janeiro há cerca de 53 anos. Chegou em terras brasileiras ainda jovem, aos 21 anos da idade, deixando para trás a “vida difícil” em Portugal. Logo ao chegar ao Brasil, foi obrigado a assumir várias profissões. Chegou a trabalhar numa pedreira, passando por uma casa de flores e pelo ramo dos vinhos.

Hoje em dia, ao lado da sua esposa Lídia Fernandes, leva uma vida calma na Vila Kosmos, na zona Norte do Estado do Rio de Janeiro. Actualmente está reformado e dedica parte do seu tempo à produção de enchidos, como o salpicão, chouriço e alheiras. Essa actividade teve início em 1990, de forma caseira e experimental, com o propósito de recordar os sabores da sua terra.
Embora não seja uma iguaria típica no Brasil, os enchidos acabaram por abrir o apetite a outros membros da comunidade portuguesa radicados naquela cidade. O sucesso foi tanto que, hoje em dia, surgem várias encomendas.

“Decidi fazer esses produtos por acaso, talvez por brincadeira. Mas as pessoas gostaram. Assim, hoje tenho muitas encomendas. Mas faço tudo por prazer. Não tenho os fumeiros como uma actividade comercial, mas sim pelo prazer de lembrar um pouco da culinária de Portugal”, recorda José da Fonseca.

Os seus produtos são já alvo de muita fama e preferência no seio daquela comunidade, despertando o interesse comercial por parte de restaurantes e clubes típicos portugueses e entre amigos. Os fumeiros chegam também às mesas de alguns países da América Latina e, mesmo, Portugal.

“Algumas pessoas levam os fumeiros para Portugal para comprovarem a sua qualidade e para que possam mostrar que, mesmo no Brasil, é possível encontrar um pouco da gastronomia portuguesa. Ouvi dizer, inclusive, que muitos lusitanos ficam espantados com a qualidade dos enchidos que produzo fora do nosso País”, conta José da Fonseca.

Encomendas ditam o ritmo da produção

Muito da sua produção é fruto das encomendas feitas todos os dias. O produto é vendido aos mais íntimos mesmo à porta da sua casa. O quilo do salpicão ou do chouriço custa 30 reais (cerca de 12 euros), enquanto que as alheiras são vendidas por 20 reais (cerca de 7 euros). Este responsável confessa ter muitas encomendas, sendo a maioria por parte de alguns transmontanos e durienses que vivem no Rio de Janeiro.

A publicidade dos enchidos é feita de boca em boca, o que é resultado da aposta deste imigrante, que pretende conquistar os seus “clientes” para que, através deles, outras pessoas saibam que, no Brasil, é possível encontrar produtos regionais portugueses feitos de forma caseira e natural.

Para que esta tradição se mantenha, este português recusa-se a industrializar o produto. “Produzo uma grande quantidade de enchidos, mas nunca pensei em industrializá-los, já que a produção caseira é parte do segredo da sua qualidade”, sublinha.

Mas outro segredo que José não revela diz respeito ao tempero utilizado para conservar os fumeiros, já que “a temperatura no Rio de Janeiro é muito alta, o que torna difícil a conservação dos produtos”.

Os enchidos “ganham forma” numa pequena quinta, onde está instalado todo o processo de produção e confecção dessas iguarias, tidas como “ouro”, num país onde a tradição recai sobre a feijoada e o churrasco. “Fazer salpicão em Portugal é fácil, mas quero ver fazê-lo no Brasil sob 40 graus de temperatura”, ironiza José da Fonseca, que garante não ter data para “deixar de lado” essa actividade, revelando, ainda, que o próximo desafio será fazer o presunto, “tal como ele é feito em Portugal”.

Apesar da dificuldade desta nova investida, a comunidade portuguesa que está a viver no Rio agradece a iniciativa deste imigrante amante da sua terra e, principalmente, fiel às tradições portuguesas, mesmo que elas tenham lugar a mais de oito mil quilómetros de distância da sua verdadeira origem.

terça-feira, abril 25, 2006

Los Hermanos quer conquistar público português



Quatro integrantes, quatro álbuns e um sonho realizado. Em 1999, a música «Anna Júlia» lançouo o Los Hermanos no mercado brasileiro de música. Ainda hoje, a cada apresentação, esta canção é obrigatória. Mas com o passar dos anos, o grupo «mudou», o estilo é outro e a música principal também.

Actualmente, o público brasileiro reconhece e valoriza o trabalho da banda, que lançou, em 2005, o seu último trabalho. Mas falta agora conquistar o mercado internacional. E nada melhor que actuar num mercado onde a língua é igual a das letras das músicas. Para isso, o grupo embarcou, pela quinta vez, para Portugal, onde encantou os portugueses com o seu ritmo.

Em Março, tocou nas cidades de Beja, Faro, Viseu, Famalicão, Braga, Porto e Lisboa, sempre na presença da banda portuguesa Toranja que, em parceria com o Los Hermanos, vai estar no Brasil ainda este ano. Ao todo, foram sete dias de música que alegraram a plateia portuguesa. Em Julho, a banda promete voltar a Portugal.

Para saber mais dessa parceria e dos projectos do Los Hermanos, conversamos com Bruno Medina, tecladista da banda brasileira, que falou da nova fase do grupo, do contacto com o público em Portugal e da influência da música «Anna Júlia» nos espectáculos.


Qual é o balanço que a banda faz da digressão em Portugal?

Bruno Medina: Sinto que evoluímos no contacto com o público português. Acho que o facto de termos tocado juntamente com o Toranja, fez com que ganhássemos projecção junto de outro público que não nos conhecia. Parece-me que outras oportunidades como esta serão a consequência natural do trabalho agora realizado.

Qual é o objectivo dessa «união» com os Toranja?

O intuito é que uma banda apresente a outra no país estrangeiro, ou seja, essa é uma forma de facilitar a entrada dos dois grupos nos dois mercados.

Na sua opinião, o grupo português segue as mesmas tendências do Los Hermanos?

Existem, sim, coincidências, tanto é que nos demos bem, não houve nenhum tipo de problema. Acho que ambas as bandas vêem o mercado da mesma forma e objectivam coisas parecidas.

Os Toranja também vão tocar no Brasil. Não há datas definidas ainda, mas, por enquanto, vão se apresentar no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Goiânia.


Como avaliam o público português?

É mais atencioso e silencioso do que o público brasileiro, o que funciona bastante em ambientes como teatros, justamente onde aconteceram todos os nossos concertos em Portugal. Acredito que os portugueses são um público que precisa ser conquistado, pois não se rende por pouco.

A presença de brasileiros nos espectáculos ajuda?

Os brasileiros sempre tentam criar uma atmosfera com a qual estamos acostumados. Talvez para o público brasileiro, o silêncio dos portugueses possa parecer que nos está a incomodar, mas entendo essa atitude como um acto de interesse e respeito pelo nosso trabalho.

Em relação ao festival Rock in Rio, que este ano vai ter lugar, novamente, em Lisboa, não acha que seria uma boa porta de entrada do Los Hermanos no mercado português?

Não sei. Os grandes festivais são muito dispersivos e não são ambientes propícios para se conhecer novas bandas, mas sim celebrar colectivamente o conhecimento da banda da qual já se é fã. Acho uma ilusão pensar que se submeter a uma plateia numerosa e desatenta é mais importante do que tocar para um público menor e interessado.

Sentem que o trabalho do grupo é valorizado em Portugal?

Sim, sinto que é valorizado, mas ainda muito pouco conhecido.

Hoje em dia, a banda conta já com quatro álbuns editados, além de outros trabalhos. Na sua opinião, há muita diferença do primeiro para o último cd?

Sim, muita. E essa diferença acontece com o passar dos anos. É natural que o tempo nos transforme.

O hit «Anna Júlia» até hoje é o mais conhecido do público. Como é trabalhar em outros CD´s tendo esta música tão presente? Ela ainda é uma tendência?

De forma alguma. Na verdade seguimos um caminho muito distinto, mas isso foi um problema por muito tempo. Todos os álbuns tiveram o seu reconhecimento e espaço, de forma que a essa música, actualmente, não faz muita diferença no nosso dia a dia.

Certamente esta música é sempre requisitada durante a performance da banda, como se fosse um hino. Em Portugal também foi assim?

Em Portugal foi mais do que no Brasil. Como disse, os outros discos geraram novos fãs, que conheceram a banda em outra fase e não sentem falta dessa música.

Que compositores ou bandas portuguesas se aproximam do trabalho do Los Hermanos?

Infelizmente, no Brasil não temos um grande conhecimento da produção musical em Portugal. Esperamos que a cada visita nos possamos tornar mais íntimos da música portuguesa.

Para terminar, como é que o grupo se vê hoje em dia? Há algum novo projecto?

Somos uma banda que tem um público bastante considerável no Brasil. Um público dedicado, fiel e em constante crescimento. Nossa posição dentro do mercado é bastante confortável, tendo o respeito de todas as partes incluídas.